2021-06-02 17:59:47
Testemunho de uma Mimi

Esta é a D. Florinda, uma mulher de 66 anos. Vive no centro do Porto acerca de 35 anos e recebe visitas regulares dos voluntários da associação desde 2018.

Como parte da nossa campanha de sensibilização, fizemos-lhe algumas perguntas sobre o que sentia sobre esta última fase da vida, que é a velhice. 

Aqui está uma das suas respostas: "Antigamente tinha mais autonomia e sentia-me mais segura, podia ir à rua tratar da minha vida, agora estou sempre em casa e dependente dos outros, estou cada vez mais isolada. » 

Perda de autonomia e dependência dos outros são duas noções que são frequentemente parte integrante do envelhecimento. A pessoa idosa lamenta a perda da sua vida anterior e tenta  encontrar soluções para continuar a avançar nesta nova etapa da vida. Este luto é muito complicado de fazer e os idosos são por vezes mal acompanhados e deixados sozinhos para enfrentarem estas dificuldades, por vezes afundando-se em depressão. Um estado que inibirá o seu desejo de viver, de sorrir, de sair e assim reforçar o isolamento que se tem vindo a verificar ao longo do tempo. A D. Florinda fala-nos deste círculo vicioso quando diz: "Às vezes sinto-me bastante sozinha e sem ninguém... tem dias em que me sinto pior... às Vezes sinto-me triste, sem vontade de falar com ninguém, sentindo-me ainda pior. »

Este isolamento tem infelizmente aumentado nos últimos meses com a situação sanitária, pois confessa que tem "imenso medo" de sair e não se sente segura. 

Na operação “Censos Sénior 2020”, a GNR, sinalizou 41 868 idosos que vivem sozinhos e/ou isolados em Portugal. 

Estaremos todos conscientes disto? Será que nos falta muita informação sobre este assunto? Ou será que apenas fechamos os olhos para não ver os milhares de idosos que não têm ninguém com quem falar?  

Em qualquer caso, a D. Florinda é clara a este respeito e pensa "não existam respostas suficientes para apoio aos idosos" e lamenta "um bom de serviço de companhia personalizado ».

Associação Mimi
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